sábado, 11 de maio de 2024

um final remendado - últimas leituras #1


PARTE I: eu ainda leio, skoob

O TÍTULO DESSA PRIMEIRA PARTE É UMA ALUSÃO À minha indignação com o Skoob, que ainda depois de tanto tempo, não permite o usuário fazer histórico de leitura de um dia em que ele leu, mas esqueceu de entrar no aplicativo para atualizar.

Isso me aconteceu na quinta-feira passada (25 de abril. EDIT: eu comecei a escrever esse post no dia primeiro de maio e só terminei agora), último dia de aula da semana já que eu (gloriosamente) não tenho aulas de sexta-feira na faculdade. E porque quinta-feira funciona como a minha sexta-feira parte um, apesar de eu ter lido naquele dia, eu aproveitei pra descansar e nem me lembrei de que tinha um aplicativo da corujinha azul chamado Skoob. E por eu sempre participar dos desafios da plataforma,  meio que foi um dia perdido sem querer, mas a verdade é que há tempos eu desisti de ler todos os dias. Tem dias que eu sinto vontade de ler e serão nesses dias em que eu vou ler, mas tem dias que tudo o que o cérebro e o corpo pedem é um descanso, portanto a escolha mais saudável é deixar a leitura para outro dia. Até porque se eu não descansar nos dias em que eu posso, como eu vou sobreviver aos dias em que eu não posso?

Por esses motivos, eu só leio à caminho da faculdade e quando eu volto dela: leio esperando o ônibus, leio dentro do ônibus, leio esperando o metrô, leio dentro do metrô, leio esperando a aula começar, enfim... É tempo suficiente pra ler mais 10% do livro e tempo suficiente para chegar em casa exausta e não querer ler mais. Se eu ainda for ler no dia, é durante a noite antes de dormir, mas não acontece com muita frequência.

Apesar de ler apenas em partes específicas do dia e não ter muito tempo nem disposição, eu tenho o hábito de começar várias leituras ao mesmo tempo  terminá-las são outros quinhentos. Por isso estou classificando esse post como "últimas leituras": pretendo falar somente da última coisa que eu li, pois se for falar de todos os livros que eu "estou lendo", ou melhor, "livros que comecei e estou enrolando para terminar", daria um post extenso.

A minha leitura mais recente é Garota em Pedaços.

PARTE II: falar sobre livros é meu assunto favorito

PODE SER QUE ESSE GOSTO TENHA ME INFLUENCIADO NA HORA DE ESCOLHER UM CURSO pra faculdade. Porque mesmo que eu não tenha lido um livro, eu gosto de discutir sobre ele, sobre o autor, sobre a estrutura física — coisas que dizem respeito às características do livro, e acho bom começar do começo quando falamos de um livro.

Imagem retirada da internet, já que
não 
tenho o livro
Ficha técnica do livro:

  • Nome: Garota em Pedaços (do original Girl in Pieces)
  • Autor(a/e): Kathleen Glasgow
  • Lançamento: 2017
  • Páginas: 384 (no livro físico)
  • Editora: Outro Planeta
  • Gênero(s): Literatura, Ficção, Romance
  • Estou lendo em: português
  • Como eu descreveria: um livro pesado repleto de gatilhos

Não tenho como me aprofundar em detalhes (minha parte favorita) como qualidade da edição, gramatura, espaçamento, diagramação ou até mesmo o cheiro dele pois não estou lendo o livro físico <(_ _)> mas posso dizer que a capa é boa e sintoniza com o tema do livro, apesar de eu odiar esses selos de "Best Seller" que sempre colocam nos livros. Mas se eu for dar uma sinopse do livro, basicamente ele é sobre uma garota cujo nome é revelado logo em breve no livro (e a experiência de ler as primeiras páginas como se fossem pequenos fragmentos de ideias até que tudo comece a fazer sentido é bem prazerosa, portanto recomendo não ler sinopses em sites que falam sobre o livro e entrar logo de cabeça nele) que está numa aparente casa de algum tipo de reabilitação, e a que tudo indica ela foi resgatada. O livro vai contar a história dessa garota, o que ela fazia antes de parar naquele lugar, por que ela precisava estar lá e as coisas que ela faz e por que ela as faz. Será que ela sai de lá? E se sai, como é a vida dela do lado de fora? Como essa garota é e por que será que ela está em pedaços? São pensamentos que você deve ter em mente para ler esse livro, mas não vou entregar essas informações logo de cara para evitar spoilers.

PARTE III: digital é mais barato (ou até de graça)

EU TÔ LENDO O LIVRO EM EBOOK PORQUE O LIVRO FÍSICO TÁ MUITO CARO ATÉ NA Amazon, mas não só isso: eu agora uso um aplicativo de leituras que me envia de graça todo mês livros digitais novos para ler, o Skeelo.

É um aplicativo tal qual o Amazon Kindle, tem ebooks e até audiobooks, e até mesmo vários minibooks, que seriam ebooks curtinhos. Vários desses minibooks funcionam no mesmo esquema de capitulação de um livro, então tem uma série de livrinhos separados que se conectam um ao outro para criar uma história (me desculpa se eu tiver explicado que nem a minha cara, então aí vai um print ao lado pra ilustrar a explicação).

Lá também tem uma aba só para histórias em quadrinhos e comics, clubes de leitura de editoras que você pode assinar pra receber livros e materiais complementares todo mês e o Leer+, que seria uma assinatura própria do aplicativo pra que você tenha acesso a muitos mais títulos. Então sim, se você quiser ter a experiência completa da plataforma, você tem que assinar algumas coisas, mas mesmo você não pagando nada, você recebe livros digitais todo mês, só não tem como garantir que vai ser um do qual você goste. Não só isso, mas nas redes sociais eles sempre estão liberando vouchers pra que os usuários peguem outros livros, e dependendo do plano de internet que você tem, você pode receber mais livros de graça.

Por causa da minha operadora, eu posso receber um livro gratuito todo mês, e posso escolher qual eu quero (dentro dos livros permitidos). Inclusive, Garota em Pedaços foi um livro que eu recebi por causa desse benefício.

E mesmo que você já receba muitos livros no plano regular e no plano da operadora, você ainda pode trocar livros por nozes. Dentro do aplicativo, tem esses desafios mensais que você pode fazer pra ganhar nozes, que funciona como a moedinha de troca lá, e dependendo da quantidade de nozes que você tiver, você pode trocá-las pelo livro que desejar (dentro dos livros selecionados pra troca).

Não se esqueça de clicar nas imagens para vê-las melhor!

Mas você acha que isso seria o suficiente? Quem é leitor tá sempre querendo mais formas de ganhar livros, e vou te dizer que concluir os desafios não é a única forma de ganhar nozes aí. Através do sistema de ranking mensal, os usuários podem ganhar nozes através da pontuação. Então, se você fizer coisas como ler por uma hora, terminar um livro ou avaliá-lo, você ganha pontos, e no final do mês, dependendo da sua posição no ranking, você ganha uma determinada quantidade de nozes pra trocar por livros depois!

Como vocês podem ver, eu estou em terceiro lugar agora, mas pretendo terminar esse mês pelo menos em segundo, porque pelo tanto que eu tô lendo eu merecia pelo menos umas 80 nozes, não só 40 >﹏<

Ah, e pra tirar essas prints, eu utilizei o Bluestacks, que é um emulador no geral de jogos mobile. Baixei o Skeelo por ele pra eu poder ler pelo computador também, quando me der na telha. E pros usuários de Kindle, não, não tem suporte dos livros desse aplicativo pra ele (o que, mesmo seja meio óbvio, é meio triste que você não possa transferir os livros do app pra ele. Seria muito útil, mas eu ainda não tenho um Kindle então nem me faz diferença)!

PARTE IV: resuminho, impressões e pensamentos

QUANDO EU COMECEI A ESCREVER ESSE POST (QUE JÁ ESTÁ NOS RASCUNHOS HÁ ALGUNS dias), eu não havia terminado de ler o livro. Agora eu demorei tanto tempo pra escrever e postar que deu tempo de finalizá-lo e até resenhá-lo no Skoob. Isso me fez chegar a conclusão (agora dia 11 de maio) de que eu só irei fazer esse tipo de post se tiver terminado de ler o livro, porque aí eu consigo contemplar tudo sobre ele num post só. Sei que vai ficar grande, mas é só porque eu tive que explicar sobre o Skeelo, coisa que não será necessária em posts futuros, então vai dar tudo certo, eu espero.

Se você ver no Skoob, eu avaliei esse livro com 3.5 estrelas. Não foi uma leitura apenas razoável, mas também não foi a melhor leitura do ano, aquela que explodiu minha mente e me fez pensar de um jeito totalmente diferente, ou que mexeu tanto comigo que vai ficar marcado pra sempre. Foi um livro mediano, mas bem interessante de ler.

E, a partir de agora, esteja atento/a/e aos spoilers e à possibilidade de gatilhos acerca do tema do livro, portanto recomendo ir direto pra parte V caso ainda pretenda ler o livro ou você tenha gatilhos com automutilação, depressão, suicídio, assédio, drogas lícitas e ilícitas e/ou violência.

Sem surpresa nenhuma, o livro fala sobre Charlotte e como ela lida com a autolesão sem intenção suicida. Após um incidente em que ela se mutilou tanto que quase acabou tirando a própria vida, ela foi resgatada a tempo e colocada numa espécie de casa de reabilitação de pessoas que se autoflagelam. No início ela mal consegue se comunicar pela quantidade de traumas que ela carrega e pelo medo de simplesmente se comunicar, mas depois de um tempo ela consegue se abrir mais, o que a leva a receber alta — uma coisa que ela não gostaria que acontecesse, já que ela estava morando na rua, lutando pra não morrer de fome, frio ou pela violência das ruas. Mas mesmo assim ela precisa ir embora, pois a avó dela não estava conseguindo mais pagar para que ela ficasse lá (o que, se for parar pra pensar agora, é meio estranho, já que ela nunca teve um mísero contato com a avó dela, nem lá pro final, o que seria bem interessante). Charlotte vai precisar morar com a mãe de novo, mas a mãe dela foi o motivo pelo qual ela começou a morar na rua, já que ela era agressiva e vivia brigando e agredindo Charlotte, fosse verbalmente ou fisicamente. Surpreendentemente, a mãe dela tem um resquício de bondade e, sabendo que elas não conseguiriam viver juntas, deu dinheiro a ela e disse que ela poderia ir morar com Mickey, um amigo do ensino médio de Charlotte, que tinha conseguido contatá-la ainda quando estava naquela casa de reabilitação.

A partir daí, tudo começa a mudar ainda mais na vida da personagem. Nessa cidade nova, ela conhece pessoas novas que vão ajudá-la a deixar a automutilação, mas em contrapartida, conhece Riley, um cara ainda mais fodido da cabeça do que ela. Ela se encanta por ele, um cara que tem praticamente o dobro da idade dela, sem exageros pois isso é falado no livro (ela ainda tem 17 anos quando eles têm relações pela primeira vez), e eles começam a namorar, o que é bizarro. Quer dizer, o livro retrata essas temáticas super pesadas de uma forma leve, o que pode ser um ponto positivo, mas acho que deixar esse fato passar tão batido que apenas uma das personagens fala sobre o assunto (a irmã de Riley, quando descobre que eles estão juntos, é a única que surta de preocupação com a diferença de idade e pelo fato dela ainda ser menor) é bem, digamos... irresponsável. Ainda mais porque só é revelado depois que o personagem é muito mais velho, então não tem nenhum aviso antecipado, por mais sutil que fosse, por parte da autora, pra que as pessoas soubessem e pudessem escolher parar de ler o livro antes que aquilo desse um gatilho nelas.

Enfim, sem querer me demorar muito, a personagem principal passa por muitas recaídas, principalmente porque ela se envolve com o Riley para se sentir validada, se sentir vista. Depois dele cometer o pior erro da vida dele, quase agredi-la e quebrar o coração dela, ela tem outra recaída novamente e, dessa vez, acaba sendo tão grave quanto o que a leva a quase morrer. Felizmente, ela consegue ser resgatada, e a partir daí parece que tudo na vida dela começa a melhorar exponencialmente, de uma noite pra outra.

Acho que foi isso o que eu não gostei desse livro, essa visão extremamente positivista acerca da vida. Certo, não podemos ser pessimistas, mas se não estamos em um extremo, também não podemos estar no outro pelo mesmo motivo: extremos tendem a te fazer escorregar e cair. Esse é o problema desse livro, pois parece que a personagem não encontrou o equilíbrio. O livro termina como se tudo o que ela sofreu em todos esses 17 anos fossem coisas passageiras, mas agora que tudo acabou, essas coisas não vão voltar para assombrá-la, e nada ruim nunca mais vai acontecer.

Errado. A vida é feita de altos e baixos, às vezes estamos há tanto tempo na parte baixa que parece que nunca vamos subir de novo, e a única direção é o chão, ou o buraco. Mas então, conseguimos força e começamos a subir de novo, até chegar ao alto. O perigo de ficar no alto por muito tempo é que estamos sujeitos a cair. E nós vamos cair. Viver a vida é sobre você entender que, estando na parte de baixo, você pode voltar a subir se não estagnar ou começar a cavar um buraco, e saber que você vai cair do topo uma hora, mas você deve estar preparado pra queda. E tudo bem cair. E tudo bem estar no chão. E tudo bem estar subindo. Inclusive, também tá tudo bem se você decidir começar a descer aos poucos do topo. Às vezes, nem tudo é sobre a queda dolorosa, e sim sobre uma descida linear. E tudo tá tudo bem, sabe? Desde que você não esteja nos extremos por muito tempo, e se agora você está em um deles, que você esteja buscando voltar ao meio, sempre dentro do seu tempo.

Acho que foi isso o que faltou nesse livro, essa perspectiva de que as coisas podem dar errado, vão dar errado e tudo bem se elas derem errado desde que a pessoa amadureça o suficiente pra saber lidar com os problemas, e se ela não souber lidar, que ela saiba pedir ajuda. Mas o livro termina com tudo dando absolutamente certo, um novo recomeço esperançoso e cheio de expectativas, como se tudo no futuro fosse dar certo a partir de agora. Não é assim que as coisas funcionam.

Tirando o final que estragou tudo, foi um livro cujo qual consegui me identificar bastante. Às vezes a personagem principal agia de forma impulsiva e egoísta, característica que costumamos evitar nas pessoas, mas é justamente esses traços de personalidade que tornam a personagem mais humana, mais verdadeira e mais próxima de nós. É um livro que me fez pensar, e se ele me fez minimamente refletir sobre algo, então valeu a pena. Entretanto, não é uma leitura que eu super recomendaria a alguém, por isso a nota que dei.

PARTE V: e tá tudo bem

EU DEMOREI MAIS DO QUE PENSEI NESSE POST, MAS AQUI ESTAMOS, FINALMENTE. FOI um post legal de escrever, apesar de eu não ter muita coisa pra falar do livro em si, já que não foi uma leitura que me deixou estarrecida, como eu gostaria. Mas ainda assim, foi um ótimo passatempo nos ônibus e nos metrôs enquanto eu esperava chegar na faculdade ou em casa. E se for pra ser sincera, eu comecei a ler esse livro com a expectativa de que ele me decepcionaria por ser um livro do hype, então me surpreendeu eu ter gostado nem que fosse um pouquinho. Não foi completamente desapontador. Criticar livros é algo que eu gosto de fazer, seja para dar reviews boas ou ruins, então logo estarei voltando com mais livros que eu terminei de ler!

— HILLO



Um comentário:

  1. Oi, primeira vez comentando aqui. Já estou te acompanhando faz uns dias, mas só agora parei pra comentar.

    Normalmente eu faço post de livros medianos ou dos que eu não gostei, porque eu sempre tenho mais coisas pra falar. Enquanto os que eu gostei não tem muito o que falar, eu só gostei e é tudo de bom, então nunca escrevo nada sobre eles.

    Sobre o skoob, eu descobri ano passado esse esquema de registrar os dias de leitura, mas nunca usei porque não sou muito consistente com minhas leituras, tem semanas boas e semanas que não rendem nada.

    Sobre o livro, não o conhecia, mas adoro ver review de livros famosos que eu não conheço, porque assim eu fico atualizada de quais são os livros do momento.

    Tua reclamação sobre a história me lembrou o motivo de eu não gostar tanto de a biblioteca da meia noite, que tem um desfecho parecido de tudo ficar bem pra sempre e fim.

    Enfim, bom conhecer teu blog e ver que vc ta postando com frequencia! Até mais!

    ResponderExcluir

GNMH - CRÉDITOS ❤